sexta-feira, 1 de julho de 2011

A Estrada dos Sonhos



(Foto: arquivo pessoal)
Por: Casimiro R. García e Nicole Bressan


Com tantas opções de cursos superiores, hoje em dia, ter um diploma de nível superior ficou muito fácil. São cursos à distância, por teleconferência e até pela internet. Mas muitos estudantes ainda se arriscam a sair da casa dos pais e se aventurar numa faculdade presencial, dessas tradicionais mesmo. Alguns viajam até 100 km todos os dias para ir e voltar da faculdade. Nesse caminho encontram dificuldades, sonhos e pessoas com histórias parecidas à suas.

De mala e cuia

O estudante Marcos Cardial de Souza (31) já está no 6º semestre de Comunicação Social / Jornalismo, ele veio de Alta Floresta para realizar um sonho de criança, ser um Jornalista. Verificou a possibilidade de cursar em faculdades particulares, como a FACER de Sinop, IVE e Univag em Várzea Grande e também contava com meia bolsa para estudos na UNIC em Cuiabá. Quando descobriu o curso em Alto Araguaia pela UNEMAT decidiu-se e veio morar aqui em junho de 2008. “Primeiro porque se trata de um curso público, uma faculdade pública. E a Universidade pública tem muito peso diante do mercado. Segundo porque as faculdades que eu tinha em vista exigiam um custo mensal, um pouco alto”.

Marcos, ou Marcão como seus colegas o conhecem, já trabalhava na área de jornalismo antes mesmo de iniciar-se como acadêmico “Eu vim do jornalismo. Já trabalhava num jornal chamado Jornal da Cidade que tem hoje 35 anos em Alta Floresta e região. Eu já trabalhava lá há quase 10 anos, dois dias antes de completar os dez anos eu saí e vim pra cá. A mudança foi muito abrupta, pois estava acostumado com a rotina de uma redação, a correria e de repente vim pra um lugar e parei tudo. É um processo de readaptação de estilo de vida”.
Marcos Cardial (Foto Arquivo pessoal)



Como já está quase concluindo o curso Marcos já planeja o que fazer depois de formado “Eu pretendo fazer um mestrado. Mas eu estou entre Estudos Culturais e Fotografia. Estou vendo ainda qual vertente eu vou seguir”


O rapaz não veio logo de cara morar numa cidade desconhecida, apesar da distância de 1.260 km entre Alto Araguaia e Alta Floresta, antes disso fez uma pesquisa e ficou uma semana conhecendo a cidade e dando os retoques finais para sua nova vida “Saí da Amazônia e vim para o cerrado, até o bioma é diferente!” brinca o estudante. E como todos os que vêm de fora também reclama dos gastos “Onde eu morava eu não tinha, por exemplo, que me preocupar com aluguel, eu tinha que arcar com as despesas da casa porque é obrigação de quem mora na casa ajudar nas despesas.


Só que as despesas que eu tinha lá não eram tantas como aqui porque agora tenho o aluguel, alimentação, lazer, materiais didáticos da faculdade. Então meus gastos praticamente triplicaram. Mas são situações previsíveis, eu já vim precavido, já sabia disso. O custo de vida daqui é mais elevado que em Alta Floresta, principalmente se tratando de moradia, o aluguel é muito caro” Lamenta ele.


Logo que veio morar em Alto Araguaia, Marcão já teve um desapontamento, as pessoas que conheceu passaram uma imagem negativa tanto do curso quanto do campus “mas com o passar do tempo a gente vai conhecendo a realidade da cidade e do campus e começa a enxergar as coisas de outra maneira.    


Vejo que apesar dessas dificuldades que a gente tem aqui, é uma maneira que temos de superar obstáculos e produzir com mais qualidade. Isso serve de força para seguir no curso e se empenhar mais”. Ainda bem que existem pessoas otimistas na nossa faculdade.


Já deu pra perceber que ele realmente se empenha pelo curso e veste a camisa da faculdade. Marcão também dá o seu veredicto sobre um curso à distância “o dia-a-dia, o contato com o professor, contato com os acadêmicos, as experiências que você adquire nas disciplinas teóricas e práticas são diferentes. Então, na prática do jornalismo eu acredito que esse contato é essencial para a aprendizagem”.


Em Alta Floresta ele morava com a mãe que ficou surpresa quando soube que o filho vinha estudar tão longe, mas incentivou “como minha mãe disse: ‘se é uma vontade profissional sua, um desejo que você tem há muito tempo, você tem que encarar’ e foi isso que eu fiz. Em 2008 eu abri mão de um trabalho estável com carteira assinada, não era um salário ruim, abri mão de uma residência fixa, não pagava aluguel, abri mão do meu lazer pra realizar um sonho. Sempre digo que na vida, pra você conseguir algumas coisas tem que abrir mão de outras”. Conclui Marcão.


Esse é um exemplo de tantos alunos que vem de fora, as vezes com uma impressão negativa e descobre na UNEMAT, que a Universidade “quem faz é VOCÊ”.

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